terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

Escala “1×6” na Câmara: deputados só precisam ir ao plenário 4h por semana, que maravilha.

 


O novo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), adotou uma nova regra para a presença dos parlamentares: agora, eles só precisam comparecer presencialmente ao plenário uma vez por semana, às quartas-feiras, das 16h às 20h. No restante do tempo, poderão votar de forma remota pelo celular.

A mudança provocou críticas, especialmente porque ocorre em um momento em que setores empresariais e políticos pressionam para endurecer as regras trabalhistas e reforçar a escala 6×1 — que exige seis dias de trabalho para um de descanso. A comparação gerou revolta nas redes sociais, e o movimento “Vida Além do Trabalho” ironizou: “1×6 para nós e 6×1 para vocês […] você, trabalhador, tem esse conforto?”.

Como ficou a escala dos deputados?

A nova organização do plenário da Câmara ficou assim:
    •    Terça-feira: Sessões híbridas (presenciais e com possibilidade de votação pelo celular).
    •    Quarta-feira: Sessões totalmente presenciais, das 16h às 20h.
    •    Quinta-feira: Sessões virtuais, com presença registrada e votação remota.

Com isso, os deputados precisarão comparecer fisicamente ao Congresso por apenas quatro horas semanais, enquanto trabalhadores comuns seguem sujeitos a uma carga horária mínima de 44 horas semanais.

Mudança reacende debate sobre compromisso dos parlamentares

Na gestão anterior, de Arthur Lira (PP-AL), os deputados precisavam estar no plenário para liberar o aplicativo de votação remota. A regra foi criada para evitar fraudes, após denúncias de que assessores estavam votando no lugar dos parlamentares.

Agora, a flexibilização levanta questionamentos sobre a transparência e o comprometimento dos deputados com o trabalho legislativo. Um líder partidário criticou a decisão de Motta, afirmando que ela “facilita a farra” dos parlamentares em Brasília e as articulações políticas longe dos olhos do público.

Por outro lado, aliados do presidente da Câmara argumentam que a medida busca dar mais flexibilidade aos deputados, permitindo que conciliem a agenda em seus estados com as votações no Congresso.

E para os trabalhadores, como fica?

Enquanto os parlamentares conquistam mais facilidades, propostas para flexibilizar a legislação trabalhista não costumam beneficiar os trabalhadores. O regime 6×1, previsto na CLT, exige que empregados trabalhem seis dias seguidos para ter direito a um único dia de descanso. Algumas categorias ainda enfrentam tentativas de mudanças que podem dificultar folgas e aumentar jornadas.

Essa disparidade entre a carga horária de deputados e trabalhadores reacende um debate antigo: por que políticos que deveriam representar o povo têm uma rotina de trabalho tão diferente da maioria da população?

O assunto segue gerando repercussão, e o impacto da nova escala na Câmara ainda será avaliado ao longo dos próximos meses.

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