O novo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), adotou uma nova regra para a presença dos parlamentares: agora, eles só precisam comparecer presencialmente ao plenário uma vez por semana, às quartas-feiras, das 16h às 20h. No restante do tempo, poderão votar de forma remota pelo celular.
A mudança provocou críticas, especialmente porque ocorre em um momento em que setores empresariais e políticos pressionam para endurecer as regras trabalhistas e reforçar a escala 6×1 — que exige seis dias de trabalho para um de descanso. A comparação gerou revolta nas redes sociais, e o movimento “Vida Além do Trabalho” ironizou: “1×6 para nós e 6×1 para vocês […] você, trabalhador, tem esse conforto?”.
Como ficou a escala dos deputados?
Com isso, os deputados precisarão comparecer fisicamente ao Congresso por apenas quatro horas semanais, enquanto trabalhadores comuns seguem sujeitos a uma carga horária mínima de 44 horas semanais.
Mudança reacende debate sobre compromisso dos parlamentares
Na gestão anterior, de Arthur Lira (PP-AL), os deputados precisavam estar no plenário para liberar o aplicativo de votação remota. A regra foi criada para evitar fraudes, após denúncias de que assessores estavam votando no lugar dos parlamentares.
Agora, a flexibilização levanta questionamentos sobre a transparência e o comprometimento dos deputados com o trabalho legislativo. Um líder partidário criticou a decisão de Motta, afirmando que ela “facilita a farra” dos parlamentares em Brasília e as articulações políticas longe dos olhos do público.
Por outro lado, aliados do presidente da Câmara argumentam que a medida busca dar mais flexibilidade aos deputados, permitindo que conciliem a agenda em seus estados com as votações no Congresso.
E para os trabalhadores, como fica?
Enquanto os parlamentares conquistam mais facilidades, propostas para flexibilizar a legislação trabalhista não costumam beneficiar os trabalhadores. O regime 6×1, previsto na CLT, exige que empregados trabalhem seis dias seguidos para ter direito a um único dia de descanso. Algumas categorias ainda enfrentam tentativas de mudanças que podem dificultar folgas e aumentar jornadas.
Essa disparidade entre a carga horária de deputados e trabalhadores reacende um debate antigo: por que políticos que deveriam representar o povo têm uma rotina de trabalho tão diferente da maioria da população?
O assunto segue gerando repercussão, e o impacto da nova escala na Câmara ainda será avaliado ao longo dos próximos meses.
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