segunda-feira, 19 de agosto de 2024

Novos tratamentos auxiliam no alívio dos sintomas da menopausa

 

Kalyna Maia explica os benefícios da reposição hormonal| Foto: Pedro Henrique Brandão

Tádzio França
Repórter

A menopausa promove uma alteração hormonal que afeta o corpo e a mente da mulher de uma forma quase sempre desconfortável. Por ser uma fase inevitável da vida, precisa ser vivenciada com qualidade, pois traz muitas mudanças ao organismo feminino. É um período de transformação e autodescoberta pelo qual a mulher pode passar de forma menos incômoda e mais saudável se souber lidar com seus efeitos, conhecer suas necessidades específicas, e seguir os tratamentos adequados para esse momento.
A menopausa corresponde ao último ciclo menstrual, ou seja, à última menstruação e costuma atingir as mulheres na idade de 45 a 55 anos. Ela acontece por uma diminuição na produção hormonal, principalmente dos estrogênios. Quando ocorre por volta dos 40 anos, é considerada prematura ou precoce. Os efeitos físicos e emocionais que a menopausa traz costumam assustar as mulheres em sua fase inicial.
“São muito significativas as mudanças que experimentamos nesse período”, afirma a ginecologista Kalyna Maia. Entre os efeitos corporais da menopausa, ela cita o aumento de peso, ressecamento da vagina, da pele e até dos olhos, alterações de cabelo (ressecamento, queda, afinamento do fio), flacidez, ondas de calor, irregularidade menstrual, suores noturnos, e diminuição do colágeno.
No âmbito emocional, segundo a ginecologista, a menopausa provoca irritabilidade intensa, insônia, alteração do humor, depressão, labilidade emocional, choro fácil, ansiedade, diminuição da libido, diminuição da cognição, perda da memória, e névoa mental. “Para ter uma transição menopausal mais tranquila, é importante que nos preparemos do ponto de vista físico e emocional”, diz a ginecologista.
Entre as ações recomendadas pela médica, estão a adoção de um estilo de vida mais saudável, com alimentação equilibrada, rica em frutas, vegetais, legumes, proteínas, e pobre em alimentos processados, industrializados e ricos em açúcares. Também ajuda bastante, manter uma rotina de exercícios físicos regulares.Kalyna também recomenda que se adote uma rotina de sono de qualidade, dormir cedo (no máximo às 22h), tentar manter o nível de estresse sob controle (a meditação, ioga e o contato com a natureza ajudam bastante), e procurar ter momentos de lazer e diversão é fundamental, sendo contato com amigos de grande importância. “Manter o estresse sob controle também é muito importante, e a prática da meditação pode ajudar bastante”, complementa.
Segundo Kalyna, os riscos também associados à reposição hormonal são extremamente baixos, e mais ainda quando são usados hormônios isomoleculares/bioidênticos no processo. A médica explica que esses hormônios possuem estrutura molecular idêntica aos naturais produzidos pelo corpo humano e, dessa forma, se acoplam de maneira fisiológica ao seu respectivo receptor, tendo a ação igual aos hormônios humanos.
A ginecologista explica que os benefícios da reposição são enormes para a mulher, pois previne muitas doenças potencialmente graves como osteoporose, diminui o risco de doenças cardiovasculares, diminui o risco de câncer colorretal (cólon), diminui o risco de depressão, ansiedade, demência de Alzheimer, além de melhorar muito a qualidade de vida geral das mulheres. “Com relação ao câncer de mama, por exemplo, o risco é igual ao da população geral que não faz a reposição hormonal”, acrescenta.
Além da reposição hormonal, a medicina contemporânea disponibiliza novos tratamentos que auxiliam no alívio dos sintomas da menopausa. “Atualmente, podemos contar com algumas tecnologias interessantes para aliviar os sintomas da menopausa na área genital, como o laser e a radiofrequência, que levam a uma melhora significativa dos sintomas geniturinarios”, exemplifica.
Kalyna Maia também procura aplicar em suas pacientes procedimentos da medicina integrativa, que aborda o tratamento humano como um todo. “É um conceito que no caso da menopausa, não vê apenas a deficiência hormonal, mas a complexidade do todo. Integrando todas as partes do problema, conseguimos um resultado muito melhor”, diz.
A abordagem integrativa permite que a mulher em estado menopausal receba orientações sobre questões metabólicas, mentais, sobre vitaminas e reposição de vitaminas, de minerais, mudança de estilo de vida, orientações em relação à dieta, melhora do sono, ajuda no controle do estresse, etc. “Eu vejo como um processo de melhora mais significativo, porque não segmenta a mulher”, diz, ressaltando que todo tratamento precisa ser individualizado, a partir de uma conversa entre médico e paciente sobre a realidade pessoal de cada caso.
Há três anos Adriana iniciou o processo de lidar com seu climatério, e a adoção da medicina integrativa fez total diferença, segundo ela. “Eu cuido dos meus hormônios, da minha resistência à insulina, e até de um hipotireoidismo que foi descoberto durante o tratamento”, diz. Ela acredita que medicina clássica talvez não lhe proporcionasse isso.
A suplementação de vitaminas que ela faz é essencial para seu bem-estar. A enfermeira se sente mais disposta, dorme bem melhor, e o humor está sob medida. “É um tratamento que torna a menopausa mais suave, e que até me dá gás para novos desafios. Me sinto uns 10 anos mais jovem”, conclui.

Reposições bioidênticas
A reposição hormonal (TRH) é o procedimento mais adotado pelas mulheres durante a fase menopausal. É algo que ajuda a melhorar a saúde de todo o organismo e não apenas do aparelho reprodutivo. O estrogênio é um protetor contra doenças coronarianas e cardiovasculares. Segundo pesquisas, essa reposição hormonal pode reduzir a mortalidade por todas as causas em 30% a 48% quando iniciada precocemente.

Temperaturas amenas
A enfermeira Adriana Karla de Oliveira sempre foi conhecida pelo seu bom humor, algo que mudou radicalmente quando ela foi chegando mais perto dos 50 anos. Não era problemas com a idade, mas hormonais. “Eu mesma estava me sentido muito diferente, com mudanças de humor muito rápidas, emoções à flor da pele sem motivo. Era a menopausa chegando, e me incomodava muito”, diz. Seguiram-se então os sintomas clássicos, como insônia, pele ressecada, e o temido fogacho – as ondas de calor.
TN

Nenhum comentário:

Postar um comentário